terça-feira, 21 de junho de 2011

A Banda mais nerd da cidade

Acho que todo mundo viu e ouviu Oração da Banda mais bonita da cidade, né? A música é bem bonitinha, mas morreu na praia porque começaram a comentar que era cópia de uma banda gringa. Tudo bem... o vídeo era bem parecido, mas é complicado julgar. Eles apenas utilizaram o mesmo conceito pra filmar(como o Beirut). Se fosse questão de apontar o dedo e dizer que é uma cópia, todo filme que começa em "media res" estaria plagiando um livro ou outro filme.
Além do mais, a banda brazuca fez melhor. Estava mais profí.

Mas eu não quero falar da Banda mais bonita da cidade, quero falar da BANDA MAIS NERD DA CIDADE! Os caras do nerdice.com fizeram uma paródia chamada "Poção" que ficou engraçada demais!

Confesso que quase caí da cadeira quando escutei "É nós que voa , meu amor". Há quem diga que eu acho graça demais em coisas que não tem a menor, mas... e daí ? O importante é ser feliz e tenho certeza que esse vídeo é ótimo! rss



Letra:

Meu amor
Essa é a última poção
Pra usar contra o chefão
O chefão não é tão simples quanto pensa
Nele os ataques já não fazem diferença
Sorte que salvou
Perdi três vidas inteiras
Mas cheguei até a princesa
E zerei depois
É nós que voa
Meu amor...

Download:
https://rapidshare.com/files/685054470/pocao_nerdice.mp3
http://www.4shared.com/audio/zjtKW9Hs/pocao_nerdice.html

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Black Swan e A origem.

Beth MacIntyre (Winona Ryder), a primeira bailarina de uma companhia, está prestes a se aposentar. O posto fica com Nina (Natalie Portman), mas ela possui sérios problemas interiores, especialmente com sua mãe (Barbara Hershey). Pressionada por Thomas Leroy (Vincent Cassel), um exigente diretor artístico, ela passa a enxergar uma concorrência desleal vindo de suas colegas, em especial Lilly (Mila Kunis).

Cisne Negro é um dos grandes nomes do Oscar 2011. Indicado nas categorias : melhor filme, melhor diretor (Darren Aronofsky), melhor atriz (Natalie Portman ), melhor fotografia e melhor edição.

Há quem diga que o filme é raso e sem sentido. Não sei se enxerguei profundidade onde não havia, mas eu simplesmente ADOREI! Atuações incríveis, principalmente a de Natalie Portman , que conseguiu me deixar nervosa com sua personagem neurótica.
O filme é tenso, muitas vezes até assustador. Há uma atmosféra sombria, que nada se parece com o que a gente lembra quando pensa em filmes sobre bailarinas. É um thriller psicológico, que faz a gente prender a respiração em muitos momentos.
A busca pela perfeição que às vezes nos deixa à beira da loucura é um tema que sempre me impressiona. Como conseguimos nos boicotar até quando pensamos estar fazendo a coisa certa?! Acredito que haja espaço para mais de uma interpretação, mas eu acredito que a grande vilã do filme era a própria imaginação de Nina.



Em um mundo onde é possível entrar na mente humana, Cobb (Leonardo DiCaprio) está entre os melhores na arte de roubar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. Além disto ele é um fugitivo, pois está impedido de retornar aos Estados Unidos devido à morte de Mal (Marion Cotillard). Desesperado para rever seus filhos, Cobb aceita a ousada missão proposta por Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês: entrar na mente de Richard Fischer (Cillian Murphy), o herdeiro de um império econômico, e plantar a ideia de desmembrá-lo. Para realizar este feito ele conta com a ajuda do parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a inexperiente arquiteta de sonhos Ariadne (Ellen Page) e Eames (Tom Hardy), que consegue se disfarçar de forma precisa no mundo dos sonhos


Outro indicado ao Oscar é "A origem". Que filme ótimo !
Às vezes fico aborrecida por ser tão preconceituosa... Quando vi que o personagem principal era o Leonardo di Caprio, não dei a atenção merecida, mesmo já tendo visto tantos filmes bons com ele no elenco (Gangues de NY, Infiltrados, Shutter Island, por exemplo).
Enfim, assisti e fiquei encantada. Pela sinopse pode parecer um filme clichê, mas não é, exige bastante atenção , é uma viagem mesmo. Posso até dizer que é um pouco parecido com "Matrix" por se tratar de pessoas andando numa realidade alternativa, nesse caso, os sonhos que são construídos por engenheiros e habitados por pessoas conectadas a máquinas para extrair informações importantes , sem o conhecimento do "dono" do sonho. Isso sem contar a trilha sonora, os efeitos especiais.
Resolvi fazer esse post, porque a premiação do Oscar é hoje e ,também , porque vi uma situação que me lembrou esse filme. Estávamos em sala de aula e algumas pessoas começaram a questionar o relacionamento de um colega. Achei as considerações muito infelizes, mas , onde entra o filme nessa história ?? Bom, idéias não nascem prontas, elas são amadurecidas e assim como em "A origem", pequenos atos conseguem gerar grandes reações e mudar para sempre a vida de uma pessoa. A semente de uma idéia que você plante, cresce. Então , cuidado com o que fala por aí, você pode estar plantando a semente de uma erva daninha nos sonhos alheios.

Dos mitos : Tríptico dos Barcos ( parte II )

Essa é a última parte da postagem sobre o "Tríptico dos Barcos".
Espero que seja útil para alguém, em algum trabalho ou apenas como conhecimento.
Foi uma tarefa difícil escrever sobre o conto porque não havia muito material disponível na internet ou em livros que eu pudesse consultar. Então, espero mesmo que seja útil pra você ! :)

Dos mitos: Tríptico dos barcos.

II – A CULPA
Na segunda parte do livro, o narrador passa a ser o pai de João Alberto. Ele representa a Direita conservadora. Provavelmente, um homem de posses que poderia ter evitado a ida do filho à Guerra, mas não o fez por convicção de que a África era realmente território Português. Quando João retorna, seu pai nota a diferença em seu semblante, frio e distante, ele parece nem reconhecer a família. A mãe de João Alberto, sem encontrar a quem culpar pelo estado de seu fiulho, culpa o marido por nunca ter sido presente e nunca ter dado o exemplo, nunca lhe ter sido amigo ou mestre.

“(...) O nosso primeiro-ministro de então olhava e expressamente para mim, atingindo-me nos olhos e nos ossos, com a dignidade de quem me apontasse um dedo em ferida e me estivesse pedindo contas acerca da educação do meu próprio filho. (...) Começava, sem que eu alguma vez o tivesse suspeitado, a pertencer também à geração daqueles que viriam a trair a família, a historia, a superior ideia da minha pátria...” (pág. 130)

“– Pai – disse-me ele então – eu não quero que me mandem a fazer, a ir
sujar-me com o lixo e a vergonha daquelas guerras.” (pág. 131)

João Alberto ainda na adolescência demonstrava ter pensamentos contrários ao sistema vigente. Gostava de bandas jovens, convivia com “revolucionários” e todos notavam, mas o pai era ausente e nem parecia perceber o filho. O pai, nesta obra, representa o apoio ao regime Estado Novo e ao mito do “Orgulhosamente sós”. Quando ele diz que o filho faz parte daqueles que traíram o país é, possivelmente, uma referência à Revolução dos Cravos :
No dia 25 de Abril de 1974 houve um golpe militar em Portugal, que iniciou um processo de implantação de um regime democrático com uma nova Constituição em 25 de Abril de 1976 e a deportação de Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar. Esse golpe, foi executado por militares das Forças Armadas Portuguesas, em sua maioria capitães, mas era uma nova geração de oficiais formada nas guerras na África , que sabia a agir com autonomia, apesar de não tão organizados como podemos ver no filme Capitães de Abril (Maria de Medeiros, 2000), mas o golpe foi bem sucedido sem o derramamento de sangue e o apoio da maior parte da população. Quando saíram às ruas os militares queriam resgatar o prestígio das Forças Armadas, o fim da ditadura e o fim da Guerra Colonial na África, que já estava praticamente vencida pelos guerrilheiros africanos e Portugal à essa altura já gastava muito mais do que podia, parar manter aproximadamente 2.000 homens em combate.

“Calhou-me pois a parte do ódio e da indiferença dele: as suas maldições. Perdeu-se tanto de mim, este filho, como eu vi perder-se e em muitos males afundar-se, e sem remédio desmoronar-se, o Portugal do século e de cada um dos meus antigos sonhos. É uma perda em duplo, e duplamente irrecuperável – à qual se junta agora esta metade adormecida e inútil do meu corpo. Os homens do meu tempo trazem tolhida e inerte uma parte do corpo: aquela onde lhes nasceram as razões e das quais lhes nasceu também o coração. São homens desterrados do próprio corpo, e também da história e do nome e da geografia do seu país. Vivem como que empalhados entre os destroços, entre a terra que escorre da erosão, e entre as tábuas que deslizam no mar do ultimo naufrágio do século e dos seus barcos. Do pais que tiveram, restam o feno entranhado no cabelo, as aranhas moribundas, as memórias de uma passado que se debate, ainda que no limite das suas forças, para conseguir chegar à costa e afundar a âncora na primeira pedra.” (p. 135)

Novamente, vemos a certeza de que as colônias eram uma perda irreparável, mais que financeira, era uma perda territorial e uma ferida no orgulho português. Os homens mais antigos , da época da Guerra, se sentem desterrados, resta a melancolia e a dor de ter um país mutilado.
Em idade avançada , ele repensa sua vida e sente culpa por nunca o ter ensinado ao filho o modo certo de ver o país, de tê-lo deixado livre para escolher sua corrente de pensamento, nunca tê-lo repreendido pelo cabelo cumprido e pelas músicas que ouvia, mas acima de tudo, sua culpa é a de ver o filho como um morto-vivo derrotado pela guerra, coisa que ele poderia ter evitado, pois tinha posição suficiente para poupá-lo.

“A dor foi terem-me levado o respeito e a alegria do meu filho. Foi terem-me roubado a idade, a beleza e a lucidez da minha mulher. Foi ver saqueada e naufragada e à deriva, e partidos o governo e o leme, e desfeita a vela que eu pus a orçar, vogando nos mares da prosperidade, a minha empresa. (...) Doem-me o filho da guerra e império português vendido pelos trinta dinheiros de Judas. (...) Se bem repararem, em tudo estou à imagem e semelhança do meu país: arrasto-me pela casa que já foi minha martelando o soalho e as escadas com o apoio de uma bengala.(...) Tudo se aprende e tudo se esquece. E é entre esses dois verbos que todos passamos pelo limbo e pela expiação da vida” (pág. 136 - 137)

O arrependimento acomete o pai de João Alberto, pois a guerra levou Portugal à dificuldades financeiras e seu povo ao sofrimento. Ele vê tudo em que acreditava sendo varrido para longe.
Após João Alberto assumir sua empresa com um modo esquerdista de gestão, eles não chegam a ficar pobres , mas a fortuna diminui significativamente. João é um chefe democrático, justo, que não visa só o lucro.
O pai compara seu estado de saúde à Portugal, que dormiu são e acordou torto e paralisado por uma trombose.

Após algum tempo , com a ajuda e a paciência de Patrícia, João Alberto consegue se recuperar.

III – O ESQUECIMENTO
A terceira e última parte dá voz ao filho de João Alberto. Um rapaz de 18 anos, aspirante a escritor.
Há nele o distanciamento político desta nova geração de portugueses e a falta de idealização, a racionalidade e que toma conta dos jovens.

“(...) As ideologias não são mais do que instrumentos secundários de uma afectividade não cumprida, que do amor e da vida se perdeu. Será sempre mal copiada dos livros e das ementas que ensinam a ler e a consumir a educação que se desgasta e se destrói entre pais e filhos. Por mim o penso, o digo e o deixo por escrito: foi por uma questão de estética e política que me fiz de direita.” (p. 137 - 138)

“A casa, comigo a partilhavam o herói empedernido de todas as revoluções que estiveram sempre à beira de libertar o proletariado urbano e o mundo; e uma mãe assustada com o meu futuro – além desses avós eternos que em tempos, vai para muitos anos, quiseram desertar para o Brasil.” (p. 139)

O rapaz critica os ideais tanto de seu avô , quanto de seu pai. Ele chega a ridicularizar ambos. Em sua visão, o avô defendia uma guerra sem sentido para manter um império medíocre, vive nos dias de hoje ainda tão cheio de suspiros e melancolia que sufoca o rapaz e seuu pai apenas tentava ser bem visto pelos revolucionários, que de certa forma também falhou neste proposito.
Embora o golpe tenha sido bem sucedido, acabando com a guerra e implantando uma dose de democracia, logo após o 25 de Abril as pessoas que fizeram a revolução foram , algumas, fuziladas, outras simplesmente desapareceram e outras tantas foram aposentadas.
Capitães não tinham patente suficiente para negociar ou governar , então, o governo passou das mãos dos fascistas para as mãos dos militares superiores. E as mesmas famílias que estavam no poder, ainda continuaram após os militares de alta patente assumir.
Pai e avô, ambos fanáticos por ideologias que os cegavam. Ideologias são sempre mal copiadas dos livros, ou seja, tudo funciona na teoria, mas os homens sempre serão dominados por suas ideologias em vez de dominá-las.

“Dizem eles que lhes roubei o totem da tribo. O meu pai, que me mirava todas as manhãs com o desprezo dos educadores incrédulos, perguntava-me, às vezes aos berros, quais eram, onde moravam e para que norte apontariam os valores da gente da minha idade. (...) eles, que falharam no amor, no casamento, na religião, na filosofia, nas ideologias, na educação e em tudo o que explica as gerações perante o mundo e a vida, ainda têm a ilusão de que vale a pena ter ideias e sonhos num tempo e num país com este! Não sabem, nunca aprenderam a saber que nenhuma geração desenha antecipadamente o seu destino.” (p. 140)

Ele diz que é de direita apenas para manter a biologia do ódio e da descrença. E que seu filho será de esquerda apenas por ser a lei da vida. O rapaz se considera filho de uma geração fracassada no amor, na guerra, nas ideologias e na educação. Podemos perceber que esse comentário do rapaz se deve ao que ocorreu em Portugal após a Guerra Colonial: houve uma grande onda de divórcios. Os homens traumatizados voltavam totalmente mudados, alguns deixavam de amar suas mulheres, outros as agrediam em surtos psicóticos. A guerra não vitimou apenas homens, mas também as mulheres que ficavam em casa esperando os maridos voltarem. Alguns não voltavam e os que voltavam, era como João Alberto, intimamente marcados pelos horrores vistos, afetando a vida familiar. E assim foi crescendo uma geração dividida.
Então, o jovem e decide sair de casa e se ver bem longe dessas duas gerações e ideologias que nada tem a ver com ele.

“ Não nasci em nenhum dos séculos que deram historia, alma, livros e outras certidões e escrituras a este país que hoje está no vento e no espaço que é longe, fora e a si mesmo contrário e estranho. Desistir do nome. Desnascer. Pôr em duvida a própria ideia de família. Mas buscar-me nas peregrinações do espírito, na vaga de um mar tão intimo como a certeza de um tempo concreto, feito à minha medida, de quando eu ainda era eu...” (p. 138)

“Eles, os velhos, muito mais do que os meus pais, lambem ainda a minha vida; cardam-na com desvelo e com o seu excesso de saliva, como se eu fosse uma cria acabada de parir. Tenho, porém, amigos honestos, e é com eles que gosto de partir nos ventos dançantes que me levam para a noite e para as esquinas brancas de Lisboa. Honestos, em geral combativos e mesmo brigões, ouço-os, vivo-os na encruzilhada deste tempo que me dizem pertencer ao país mais antigo, atormentado e parolo da Europa...” (p. 139)


“Hoje, sou apenas o tribuno dos poetas ilegíveis. Prezo-me disso e do meu ódio a quantos persistirem a escrever sobre ditadura, a guerra colonial, o 25 de Abril, os amores, as mortes, as sofridas e esinteressantes vidinhas de que rezam os livros e as vaidades deles. (...) não posso ser escritor porque eles não nos deixaram grandezas nem glórias; antes de nascermos, morreram as ilusões e os fados: ninguém nos deixou uma epopéia por escrever ou sequer um vento que varresse o lixo deste tempo plano, deste país onde nada de novo acontece ou que valha a pensa deixar escrito.” (p. 144)

O rapaz tenta ser escritor e sofre sua primeira decepção quando mostra seus poemas a professores e estes o censuram, seu pai tentando ajudá-lo, reformula algumas coisas, conserta alguns erros mas, para o rapaz, as "correções" acabam com todo o sentimento daqueles poemas. Seu pai financia a impressão de seus livros, mas estes não obtêm sucesso. A culpa do insucesso de sua tentativa de escrita é colocada na falta de assunto. O que ele iria escrever se tudo que havia para ser feito já foi feito ? Só sobrou para sua geração assistir o envelhecimento daqueles que fizeram a história. O país guarda costumes tão antigos e imutáveis como ele próprio. O rapaz vê o pai e seus amigos, antes revolucionários, cabeludos; hoje calvos, condenarem tudo que acham rebeldia. Antes, defendiam a liberdade e a igualdade entre os sexos, mas hoje ficam apavorados e rancorosos de pensar que suas esposas possam ter essas coisas. Seus avós, antes extremamente patriotas, hoje só se aborrecem pelos remédios para o corpo fatigado e se entediam com as noticias do mundo. Resta apenas a melancolia e o saudosismo para contemplar. Portugal se encontra parado no tempo, nada de novo acontece, só se lamenta o passado.

“Hoje como ontem, é proibido dizer, é proibido acusar. O patriotismo de pacotilha do meu avô projectara-se todo no orgulho de ter feito dele um alferes condecorado por actos de valentia e temeridade nos Dembos, onde então moravam o Diabo, o veneno das víboras, os ferros cirúrgicos da morte.” (p. 145)
“Cidadão do nada, num país cuja história se confunde com o vento que lhe sopra do hálito e do estomago; discípulo dos poucos que me ensinaram as ruas, as horas e as estações do ano em Lisboa. Aquilo que não sei ou não conheço, posso seguramente imaginá-lo, mas só com a ciência que me está no ouvido, e nunca no coração.” (p. 146)

Passados os anos, cada um se lembra apenas daquilo que quer lembrar e aqueles que não viveram precisam se contentar com o que é contato pelos livros e pelos supostos heróis, que se esquecem da história e lembram-se apenas do que lhes é conveniente ou o que suas ideologias permitem. Tornando a história tão parcial que não vale a pena aos da nova geração tomarem partido. Resta apenas esquecer também.

CONCLUSÃO
Sabendo que o autor João de Melo participou da Guerra , este é um livro quase autobiográfico, mas tem muitos elementos do pós-modernismo.
A linguagem é introspectiva e há muitas divagações, é uma trama que desenrola o lado psicológico dos personagens representando três gerações marcados por um único fato. Outra característica que se apresenta no livro é a intertextualidade com poemas e outros fatos históricos. É necessário conhecer o fato histórico, além da simples decodificação para alcançar o real significado do texto.
Na narrativa há uma autoconsciência e auto-reflexão, radicalização de posições, tendo sempre como cerne o questionamento histórico.


Trailer do filme "Capitães de Abril"

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Gaiola das cabeçudas

Esses vídeos não são novos, mas toda vez que assisto, caio na gargalhada!
Vi vários comentários negativos sobre o Comédia MTV no youtube e embora não costume assistir o programa, achei esses vídeos geniais.
Muita gente diz que na era da internet, quando tudo que se tem de fazer para parecer culto é recorrer à wikipédia, é fácil fazer um vídeo com conteúdo "pseudo intelectual". Ok, até concordo que reunir as informações suficientes pra isso é relativamente fácil, mas colocar em prática, com criatividade... Isso, eu já duvido que seja tão simples.Tem gente que mesmo com todo acesso à internet do mundo ainda assim não entende os vídeos !!!

"Whatever" se Marcelo Adnet leu, conheceu algum quadro ou assistiu alguma peça desses artistas citados. Isso é o que menos importa. É muito bom !!! rs




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Dos mitos : Tríptico dos Barcos (Parte I)

O conto Tríptico dos Barcos , escrito por João de Melo, foi lançado nos anos 90 e tem a intenção de revisitar os acontecimentos e sentimentos da população portuguesa com relação à Guerra Colonial entre portugueses e africanos, com um olhar pós-moderno ou pós-colonial, como podemos dizer. Ele é dividido em três partes : A nuvem no olhar, A culpa e O Esquecimento.

Estudei esse conto no 3º período, em Literatura Portuguesa e apesar de ser um texto cansativo, achei muito interessante. Através dele tomei conhecimento da Revolução dos cravos, um acontecimento que marcou tanto Portugal.

Um tríptico, é geralmente, um conjunto de três pinturas juntas formando uma única imagem. Criada pela Igreja Católica este tipo de imagem representava a Santa Trindade. Aqui temos esse tríptico retratando três pontos de vista , em três épocas diferentes sobre o mesmo assunto.

A guerra Colonial foi um confronto entre Portugal e suas colênias de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, entre 1961 e 1974. Como qualquer potência colonial, Portugal exigia que suas colônias gerassem lucro. Isso significou uma exploração exacerbada sobre os colonizados, estes tiveram de aceitar a imposição de culturas para exportação, como o algodão. Esse problema se agravou com o incentivo à imigração portuguesa. Esses colonos que foram chegando em Angola e moçambique dependiam muito do sistema de trabalho compulsório. Em pleno séc. X, era de se esperar que eles reagissem. E surgiram em Angola e Moçambique, movimentos nacionalistas que se transformaram em ação armada de grupos guerrilheiros, que forçou o Exército português a abandonar sua função policial e empenhar-se numa campanha anti-guerrilha cada vez mais violenta. Nas primeiras fases da luta os efetivos reduzidos e o pouco armamento disponível limitaram-no a uma ação fraca e hesitante.



I– A NUVEM NO OLHAR

A primeira parte do livro tem narrativa em 3ª pessoa contanto o regresso de João Alberto à Portugal. Engenheiro, recém- casado e totalmente avesso aos ideais de seus pais, foi mandado para a África para lutar pelas colônia portuguesas que o regime Salazarista defendia. À sua espera, está Patrícia. Que ficou grávida ao visitá-lo em Angola.


“Nunca pudera imaginar que saudade de Lisboa fosse tão lúcida e ao mesmo tempo tão lancinante na sua alma. A cidade entrara talvez na sua natureza, para a tornar completa e próxima da perfeição. Ia passa r a viver com a necessidade de amar tudo de novo e de forma radical, desde o principio do tempo até ao limite extremo dessa separação, ainda que de outra maneira. Daí em diante, o sentimento saudoso passaria a exprimir-se na presença concreta e não na ausência dos ruídos, dos cheiros característicos e daquelas mil e uma coisas que só em Lisboa parecem tangíveis.” (pág. 95)

“E ouvirão murmúrios que só podem ser ditos ao ouvido, porque as pessoas encheram o tempo do mesmo remorso secreto e inútil.” (pág. 96)

João Alberto é um homem saudoso de sua pátria, mas os horrores da guerra o mudam de tal forma que ele tem receio do que o espera em terra firme. Pensa em todas as perguntas que o farão e que ele não terá resposta, pois a Guerra em si é inexplicável. Até mesmo sua relação com Patrícia é repensada nesses momentos antes de chegar ao porto. Ele não se considera mais capaz de amá-la ou mesmo sentir prazer em sua companhia. E ele deveria guardar essa angústia, pois ele era considerado um herói pela população que não sabia o que acontecia na realidade.Durante uma época de regime ditatorial, o arrependimento ou simplesmente o discordar não é suficiente para mudar as coisas. Não se podia expressar opinião a não ser “ao pé do ouvido”, com quem se confiava muito. A maior parte do povo não sabia o que ocorria na África, recebia apenas as informações de que os soldados estariam defendendo terras portuguesas. E estes ao voltar eram ovacionados , como se fossem heróis. O povo tinha uma nuvem no olhar. Aqueles que se atreviam a questionar o regime sofriam as conseqüências. Muitos estudantes e opositores se viam forçados a abandonar Portugal para escapar da guerra, daprisão e da tortura, pois havia a polícia política, a PIDE.

“− Passarão anos e anos – dissera alguém, com uma sombria voz de profeta – mas nunca mais seremos os mesmos. Vivos por dentro, com o sangue frio – e não mais aqueles rapazinhos imberbes, arregimentados e treinados à pressa para irem fazer a tal guerrazinha menos, onde afinal nunca nada de importante acontecia! Tratava-se, segundo no diziam, de simples operações de polícia, de uma missa de soberania...” (pág. 107)

João Alberto chega a dizer que o país se encontrava “heroicamente de cócoras”, pois os soldados eram mandados para conter uma rebelião, mas quando chegavam lá , encontravam homens fortemente armados, organizados e prontos para tudo. Era uma guerra de verdade. Guerra essa que Portugal não estava conseguindo ganhar e ia gastando
cada vez mais dinheiro para mantê-la. Em outro trecho do livro ele se pergunta “É isso a pátria?” (pág. 111). Os soldados não conheciam a África, não tinham idéia do que iam enfrentar, eram que massacrados e voltavam desolados por toda crueldade e morte que viam, então, aquilo é que era a pátria? E assim João Alberto vai contanto ao leitor sobre fragmentos de granadas, Unimogs e rajadas de metralhadoras, que por puro acaso não o vitimaram.

“Embarquei num poema sobre a nau capitaina que depois se tornou catrineta: nela vivi os mares, os medos, a temeridade, do meu único Alcácer Quibir, talvez mesmo o mais terrível de todos os imensos versos de Fernando Pessoa – mas não sei onde possam estar o sentimento, a inteligência e o orgulho do meu amor por esta patriazinha de fiéis defuntos, pecados confessados e de pronto absolvidos, terra das ideias, dos zelos e mitos políticos dos meus pais.” (pág. 111)

“(...) E o ouvido lhe diz que à juventude compete defender a pátria «contra a agressão que nos é movida do exterior»; e que «defenderemos as nossas províncias ultramarinas até ao limite das nossas forças e até ao sacrifício do ultimo soldado português». É pois um povo neutro: não sabe indignar-se; não o faz para dentro e nem para fora.” (pág. 122)

“«Daqui para a frente» – pensa o alferes – «este e os futuros mutilados de guerra vão ter um país inteiro a virar-lhes a cara e a baixar os olhos. Assistirão ao curso sinuoso dos que mudam de conversa. Serão um peso morto na consciência fria e no silencio dos Portugueses. (...)” (pág. 127)

Estas partes do texto mostram bem claramente a desilusão dos soldados que iam achando estar cumprindo um dever com a pátria e se encontravam perdidos após chegar a seu destino. O autor coloca na voz de João Alberto alusões à nau Capitania, uma réplica da Nau de Pedro Álvares Cabral construída em homenagem aos 500 anos de descobrimento do Brasil. Representando a partida, um momento de honra e alegria para alguns soldados patriótas e a um poema de Almeida Garret, Nau Catrineta , Beseado no episódio sobre num naufráfio. A nau Catrineta foi saqueada por piratas Franceses e foi deixada à devida. Os tripulantes mais fracos ou feridos morreram logo de sede, fome e de doença. O desespero tomou conta dos tripulantes que permaneceram vivos e um deles cheio de fome tentou comer pedaços de carne de um dos que estavam morrendo. Os que ouviram os gemidos de dor do homem correram para ver o que era, alguns para o salvarem, outros para participar e comer também. Ou seja, João Alberto de via à deriva e desesperado. Mas João não era como os soldados comuns, ele era uma espécie de intelectual e sabia que a guerra era inútil, seu desespero era maior ainda, pois quando foi já sabia que não era por uma boa causa. Ele era avesso à guerra e à violência. Achava Portugal um país velho, que tardava a definhar por causa dos delírios patrióticos de gente como seu pai, que apóia o regime Salazarista e financia a guerra.Os homens que voltaram, apesar de serem considerados heróis, tinham que conviver com o desespero, com a agonia interna. Alguns deles voltavam multilados e eram dispensados do exércitos, esses continuariam pagando com seu sacrifício a lealdade à pátria, durante muito tempo. Eles não podiam mais trabalhar pois eram inválidos e o Estado não os valia, os deixava abandonados à própria sorte.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cupcakes

Acho que Alice ficaria (mais) maluquinha se na "tea party" do Chapeleiro servissem lindos e deliciosos cupcakes ou fairycakes, como são chamados da Inglaterra. Ou será que tinha ?
Cupcakes são bolinhos individuais, recheados e muito bem confeitados (o que não é necessariamente o caso dos meus ainda.. rs).
Aqui no Brasil eles são mais ou menos novidade, mas nos EUA eles estão em todo lugar .
Que eu conheça, há apenas duas lojas da vintage cupcakes aqui no Rio, uma no Norte Shopping e uma no Nova América. (Mas , tipo, não gostei muito) . Fora isso, só por encomenda mesmo. E não são baratinhos, afinal, são feitos artesanalmente, com muito cuidado e carinho !

A moda dos cupcakes atingiu força total aqui , no ano passado. E graças à isso ficou muito mais fácil achar receitas, livros, ingredientes, acessórios.. todo tipo de coisas sobre eles. O problema é a coragem de comer depois de tanto cuidado pra fazer ! HAHA

É isso aí, esses foram os primeiros. Logo eu posto mais fotos do que se tornou uma diversão pra mim.

Esses são de chocolate com recheio e cobertura de ganashe (que também é chocolate. rs)